PROXECTO EPÍSTOLA

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TEMÁTICA: economía

Epístolas
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Data Relación Remitente - Destinatario Orixe Destino [ O. ] [ T. ]
Data Relación Remitente - Destinatario Orixe Destino [ O. ] [ T. ]
1984-10-10
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1984
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1984 en 10/10/1984

Nova Friburgo, 10 de outubro de 1984


Queridos Amigos Pilar e Paz-Andrade,

Recebemos com prazer o lindo cartão que vocês nos mandaram de Sargadelos juntamente com os Diaz Pardo. Foi uma alegria saber que os bons amigos voltaram a reunir-se no lugar maravilhoso de que guardamos recordações tão belas e que nessa ocasião se lembraram de nós.
Nora e eu vamos bem, levado vida sossegada em nosso sítio. Tivemos há pouco uma grande alegria: nossa filha Laura, depois de 6 anos de estudos nos EEUU, voltou definitivamente ao Brasil junto com o marido pintor André Porto. Ela está com o título de «master» e vai procurar conseguir trabalho e colocação no Rio.
No Brasil a situação está crítica, com quase 300% de inflação por ano. Nosso amigo Drummond acaba de se despedir de seus leitores do Jornal do Brasil: vai parar de escrever crônicas. Aurélio está com as atividades limitadas pela doença. Por mim, continuo trabalhando devagar, agora sobretudo na revisão de meu Dicionário de Citações.
Recebam um abraço afetuoso de seu amigo

Paulo


Nora manda lembranças cordiais.



PS. O edifício amarelo no centro do cartão é o Colégio Anchieta, dos jesuítas, de onde Drummond foi expulso de quando jovem.

1985-12-14
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1985
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1985 en 14/12/1985

Sítio Pois é, 14 de dezembro de 1985


Querido Amigo,

Fiquei satisfeito de saber, pela sua amável carta de 21 de agosto, que recebeu em ordem o Dicionário Universal de Citações e agradeço-lhe as considerações generosas que teceu a respeito desse livro. Felizmente, a obra, que me custou três anos de trabalho, foi bem recebida pelo público: uma segunda edição foi lançada em novembro e a Editora já está cogitando de uma terceira.
Ao mesmo temo fico-lhe especialmente obrigado pela oferta de Galiza lavra a sua imagem, livro multifacetado que interessa por tantos aspetos: literário, histórico, artístico, econômico, genético, e ao mesmo tempo possui forte unidade intrínseca. O conjunto desses dez ensaios constitui, na verdade, mais um canto de amor a Galiza. Certas páginas, especialmente as que dizem respeito à pintura galega, reavivaram a lembrança de minhas visitas aos museus de sua terra. Admiro cada vez mais a sua incansável pena.
Nesse interim deve ter-se realizado a Exposição Interacional da Pesca, presidida por seu Filho. Conhecendo a sua energia, suponho que o ajudou bastante na organização de acontecimento tão importante, colaborando eficazmente para o êxito.
Aqui não há maiores novidades. Em consequência talvez de minhas viagens a Porto Alegre e a Maceió tive em agosto algumas perturbações circulatórias, das quais porém consegui livrar-me. Passo a maior parte de meu tempo nas reedições do Dicionário de Citações.
O nosso Aurélio, infelizmente, não melhorou –mas continua trabalhando heroicamente na segunda edição do Novo Dicionário.
Drummond vai bem. Desde que não mantém mais sua seção do Jornal do Brasil, nosso contato epistolar ficou menos intenso. Há uns dois anos, no momento da crise da Editora José Olympio, seus contratos passaram para a Editora Record, que sucessivamente vai reeditando seus livros antigos, além de ter lançado dois novos.
No Brasil, a restauração democrática continua a solavancos. A situação econômica permanece grave: chegamos a uma inflação de 300% ao ano.
Com a aproximação das festas de fim de ano, Nora e eu desejamos-lhe assim coma a Pilar Feliz Natal e um ótimo 1986.



Paulo e Nora

1986-09-25
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1986
Rio de Janeiro
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1986 en 25/09/1986

Sítio Pois é, 25 de setembro de 1986


Querido amigo Valentin,

Acabo de receber a sua amável carta de 9 de setembro, acompanhada da cópia da que você escreveu ao Sr. Melchior Jahnel.
Bem que eu estava apreensivo com o seu longo silêncio e ia escrever-lhe para reclamar notícias. Agora soube com pesar o motivo do atraso; uma broncopneumonia que o manteve por longos meses doente, afastado de todas as atividades. Nora e eu ficamos penalizados e formulamos votos para que a sua convalescença seja rápida e completa. Guardamos de você a imagem de uma pessoa enérgica, ativíssima, entregue a muitas ocupações: não conseguimos imaginá-lo enfermo. Por favor, fique fiel a sua imagem.
Espero que o afeto da família, a solicitude dos amigos, assim como a concessão de distinções excepcionais de que foi alvo (a medalha de Ouro de Vigo e o Prêmio Trasalva), se não conseguiram curá-lo, pelo menos tenham suavizado o seu sofrimento.
No Brasil, tem havido mudanças importantes. Em fim de fevereiro, o governo, para pôr um paradeiro à inflação desenfreada, substituiu o cruzeiro pelo cruzado (1 cruzado valendo 1000 cruzeiros) e congelou os preços dos artigos de primeira necessidade. Essas medidas foram acolhidas com grande entusiasmo mas infelizmente estão aos poucos perdendo o impacto: começou a faltar carne, leite, ovos, etc., que só se conseguem com ágio, o que equivale a uma inflação disfarçada. Enquanto isto, os salários permanecem fixos e os impostos estão aumentando. As eleições previstas para novembro hão de mostrar se o governo continua dispondo da confiança do povo. As liberdades públicas foram restabelecidas, mas a crise econômico-financieira permanece crítica.
A nossa vida particular pouco mudou. Continuamos a viver em nosso sítio, de onde saímos cada vez menos, o que resulta num certo isolamento. Vendemos o nosso antigo apartamento de Copacabana: agora, quando descemos ao Rio, alojamo-nos em casa de nossa filha Cora. A não ser isso, fazemos poucas viagens.
Em abril fomos com um grupo de escritores a Lençóis Paulista (cidade onde existe uma rua com o meu nome) para assistir à instalação de computadores na Biblioteca Municipal Origenes Lessa (à qual costumo doar livros). Fazia parte do grupo o próprio Origenes Lessa, nosso grande amigo, que infelizmente veio a falecer semanas depois. Estava presente também o presidente da República José Sarney, e nós pudemos avaliar a sua popularidade, que no momento estava extraordinária.
Em maio, fomos a Porto Alegre: a Universidade de lá convidara-me para fazer o brinde no banquete dos 80 anos de Mauricio Rosenblatt, ex-gerente das editoras Globo e José Olympio. O banquete foi impressionante, com trezentos amigos festejando um livreiro aposentado. Visitamos também parentes e amigos que moram em Porto Alegre. A excursão teria sido ótima se um dia depois do banquete eu não tivesse sido agredido na rua por um assaltante, que me derrubou no chão com uma rasteira e roubou o dinheiro que guardava no bolso. Escapei com alguma contusões e escoriações –mas o incidente é um bom exemplo de insegurança em que atualmente vivemos no Brasil.
De volta a Friburgo, recomecei a trabalhar. A Editora Nova Fronteira, à qual tinha entregado meu dicionário francês-português e português-francês há mais de cinco anos, finalmente resolvera publicá-lo e me tinha pedido uma revisão e uma atualização. Depois disto ainda terminei o vol. IX de Mar de Histórias, que Aurélio está revendo agora. (O vol. VIII acaba de sair: daqui a pouco vou manda-lhe o seu exemplar.) Infelizmente Aurélio não vai muito bem. Ainda assim conseguiu terminar a 2ª edição, aumentada, do seu Dicionário. Quanto a Drummond, vai bem: as últimas vezes que quis visitá-lo houve desencontro, assim não nos vemos há mais de um ano. Há tempos ele interrompeu a sua colaboração regular na imprensa.
Enquanto isto, as estações se sucedem e o tempo corre num ritmo vertiginoso. Parece-me incrível que já tenham passado mais de três anos de nossa visita a Vigo, de que guardamos lembranças indeléveis.
Queira transmitir nossas lembranças cordiais a D. Pilar e aceite um abraço afetuoso de os votos de saúde de seus amigos



Paulo e Nora

1986-12-14
Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1986
Rio de Janeiro
Vigo
Orixinal Transcrición

Transcripción da epistola Carta de Paulo Ronai a Paz Andrade. 1986 en 14/12/1986

Sítio Pois é, 14 de dezembro de 1986


Querido Amigo,

Recebi a sua amável carta de 6 de novembro e dela soube com pesar que a sua saúde ainda não se restabeleceu por completo. Nora e eu custamos a imaginá-lo inativo e em descanso, e torcemos por sua rápida melhora.
Recentemente nós também ficamos com a saúde prejudicada. Enquanto eu me submeti a uma operação de hemorroidas, Nora fez extrair um pólipo. Infelizmente teve uma infecção causadora de septicemia e peritonite. Ficou um mês inteiro no hospital, depois passou 15 dias convalescente no Rio, antes de podermos voltar para cá. Agora estamos tentando recuperar-nos completamente no ambiente familiar e nos bons ares desta serra.
O mês de novembro foi ruim para nosso amigo Drummond também: teve de ser hospitalizado com uma crise de angina pectoris. Felizmente ao cabo de 10 dias pôde voltar para casa curado.
Acaba de sair a 2ª edição, ampliada e revista, do grande Dicionário de Aurélio. Saiu também, pela mesma editora, o vol. VIII de Mar de Histórias, que lhe remeti faz algum tempo. E foi publicado um romance de minha filha Cora, intitulado O Terceiro Tigre. (Até agora ela só tinha publicado livros para crianças, traduções e reportagens.)
A situação do Brasil continua difícil. A introdução do cruzado não conseguiu pôr fim a inflação. Faltam, ou só podem ser adquiridos com ágio, muitos artigos de primeira necessidade. Aguardamos impacientes uma estabilização.
Lembramo-nos sempre dos dias inesquecíveis passados na nossa querida Galiza.
Nora e eu mandamos ao querido amigo e a D. Pilar, com nossos abraços afetuosos, nossos melhores votos de feliz Natal e Ano BOM

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Paulo